Como era a personalidade da Glória Maria

Glória Maria nasceu para estar na TV, com uma naturalidade e simplicidade ela conduzia com maestria suas entrevistas.

Veja abaixo o vídeo sobre a Personalidade do Glória Maria no nosso canal do YouTube. ⤵️

Ela por muito tempo foi considerada a repórter mais popular da Televisão Brasileira. Era reconhecida em todos os lugares do brasil.

Foi uma pioneira na TV brasileira. Sendo a primeira repórter negra da tv e a primeira a fazer uma entrada ao vivo em cores.

A carreira de Glória Maria foi marcada por uma condução muito profissional. Em sua carreira inigualável, ela fez reportagens de rua, coberturas internacionais, entrevistas com grandes personalidades e apresentação no estúdio.

Ela era extremamente corajosa. Não tinha situação ou entrevistado que pudesse a impedir de fazer o seu trabalho com maestria. Tinha a personalidade forte dentro e fora do trabalho e se posicionava firmemente nas causas que acreditava.

Agora vamos ver um pouco da sua história relacionando os fatos da sua vida com sua personalidade.

A filha de Edna Alves Mata e Cosme Braga da Silva, Glória Maria Matta da Silva nasceu no dia quinze de agosto em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro. Seu pai era alfaiate, e sua mãe era dona de casa.

Gloria Maria veio de uma família muito pobre e sem acesso a cultura, onde não se tinha como comprar livros. E o conhecimento cultural era passado por gerações através de histórias contadas. Isso explica uma das suas maiores virtudes: ser uma ótima ouvinte. Então, na sua vida e trabalho, ela dizia que sentia um enorme prazer em escutar as pessoas, suas histórias, suas dores e suas alegrias. Essa sensibilidade de ouvir as pessoas ela tirou da infância, quando ouvia a avó, contando histórias para um punhado de netos. Prestava uma atenção fora do comum. Entusiasmada com as histórias, Glória era a única dos netos que as ouvia até o fim.

Mas, apesar de ser boa ouvinte, ela sabia ter o bom senso de saber o que ela está ouvindo realmente é algo que valha a pena e seja interessante para as pessoas.

Além disso, sua avó a ensinou a não ter medo, ou melhor, a controlar o seu medo e não deixar se dominar por ele e enfrentá-lo. Por isso Glória enfrentou diversas aventuras que muita gente não enfrentaria e se tornou uma especialista em fazer reportagens sobre viagens.

Gloria Maria estudou em escolas públicas e logo se destacou por escrever excelentes redações. Com 16 anos começou a trabalhar como telefonista na Companhia Telefônica Brasileira. Com 18 anos, ingressou no curso de jornalismo. Logo conseguiu um estágio na Globo e em 1970 foi efetivada no departamento de jornalismo.

Alguns fatos na sua vida mostram a sua grande força e personalidade.

Desde nova Glória sofre com preconceito e sempre teve que enfrenta-lo. De certa forma, a educação que teve em casa a ajudou nisso. Duas situações exemplificam quanto ela sofreu e como ela reagiu a isso.

Glória foi a primeira pessoa a usar a Lei Afonso Arinos: A primeira norma contra o racismo no Brasil, ela foi impedida de entrar pela porta da frente de um hotel no Rio de Janeiro pelo próprio gerente.

E, durante o governo João Figueiredo, que foi de 1979 a 1985, ela constantemente sofria preconceito do ex-presidente, na maioria das vezes durante as entrevistas coletivas. “‘Tira aquela neguinha da Globo daqui!’, dizia ele. Ela passou todo o governo Figueiredo ouvindo isso. Mesmo com o racismo recorrente, ela ia às coletivas — chegou a ser expulsa de uma delas — e tentava fazer o trabalho jornalístico ao qual ela foi incumbida.

Em 2017 ela explica como a forma de cometer o racismo mudou de quando ela era criança, mas ainda muito presente e forte em nossa sociedade.

Já nos últimos anos de vida Glória acreditava que deveria combater o racismo com o sentimento, a partir de práticas educacionais e antirracistas. Partindo do princípio de que a arte e a educação deveriam ser um espaço adequado para acolhimento, desenvolvimento e promoção da diversidade de saberes, de culturas, de experiências e de sujeitos

Glória prezava pela discrição na sua vida pessoal. Mas, mesmo não expondo a sua vida, hoje se sabe que ela teve um 'crush' com o ex-presidente Barack Obama, presidente dos EUA entre 2009 e 2017. Ela afirma que, por ela, teria passado 24 horas com o americano. "Esse é realmente o 'crush' da minha vida. A única coisa que eu queria ter antes de morrer é um dia inteiro com o Obama". Viveu um breve affair com o ator Gerard Butler em 2007, quando ele esteve no Brasil para divulgar o filme 300 com Rodrigo Santoro. A jornalista afirma que namorou cinco homens ao mesmo tempo.

Além disso ela se casou secretamente com Eric Augin e manteve essa relação por 8 anos. Esse fato só foi revelado ao público em 2017.

Em sua carreira ela passou por cerca de 160 países cobrindo diversos fatos históricos

Um dos momentos mais marcantes da sua vida foi a cobertura para a Guerra das Malvinas. Sabendo que aquele era um momento histórico de relevância, Glória, pelo desafio profissional de cobrir uma guerra, pede para o seu diretor na época para manda-la para essa cobertura. Depois de muita insistência ela viaja para o conflito se tornando a primeira mulher a cobrir uma guerra. Em uma de suas últimas entrevistas, ela afirmava que cobriria novamente qualquer outra guerra.

Glória Maria diz que sempre buscou novos desafios em sua carreira, buscou a todo momento se reinventar. Fazendo trabalhos originais e fora do comum. E seu pioneirismo vem da necessidade de viver e experimentar. Ela afirma que se não tiver experiências novas não é ela.

Ela trouxe emoção numa época em que as reportagens eram frias e formais. Trouxe empatia e sintonia com os entrevistados.

Ela se preocupava em conhecer pessoas e suas histórias, sem julgar as diferenças pessoais e culturais. Deixava os entrevistados à vontade e relaxados para que pudessem ter uma conversa franca e verdadeira com ela.

Mesmo tendo feito tanto na profissão e conquistado o respeito e admiração do público, Glória queria mais, almejava mais, ela tinha sonhos, que não pode realiza-los. Devido a sua morte, Glória Maria não conseguiu realizar dois sonhos na sua já expressiva carreira. O primeiro foi ir a marte.

O outro sonho era apresentar o Jornal Nacional. E em 2011, isso quase aconteceu, quando a apresentadora Fátima Bernardes deixou a bancada. E uma das pessoas cogitadas para apresentar o telejornal foi Glória. E, mesmo com uma amizade muito forte com o apresentador William Bonner, a vaga acabou sendo da Patrícia Poeta.

Mas, por outro lado, Glória Maria conquistou muito mais do que sonhava, quando era aquela menina pobre do subúrbio do Rio de Janeiro.

A paixão por viajar e conhecer pessoas diferentes com suas culturas veio da infância. Glória tinha álbuns de figurinhas que mostrava os países e sua respectiva vestimenta específica. Ela lembra que marcava uma a uma das figuras dizendo que iria viajar nesses países e, com suas viagens fazendo reportagens, ela conseguiu realizar esse sonho de criança, visitando um a um dos países. Isso mostra a sua força de vontade e a crença de que era capaz de fazer esse sonho acontecer.