Como era a personalidade do Robin Williams

Teve uma infância solitária e infeliz, e lidou e contornou essa adversidade e os problemas que Robin teve durante a sua vida.

Veja abaixo o vídeo sobre a Personalidade do Robin Williams (Primeira Parte) no nosso canal do YouTube. ⤵️

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Robin Williams foi um dos atores e comediantes mais geniais, famosos e reconhecidos. Ele tinha um dos sorrisos mais cativantes do cinema, aquele sorriso que dava vontade de sorrir junto. Mas por trás desse sorriso existia uma pessoa com diversos conflitos internos e saúde mental abalada. Muitos problemas complexos.

Ele era um humorista talentoso e ator mais talentoso ainda. Era amado por gerações e seu humor improvisado, intenso e insano, mudou o stand-up comedy para sempre.

Robin nasceu em 21 de julho de 1951, em Chicago, Illinois. Sua mãe, Laura Smith, foi uma modelo e seu pai, Robert Fitzgerald Williams, era executivo da Ford Motor Company. Ele tinha dois meios-irmãos mais velhos.

Após o divórcio dos pais, ele acabou indo morar com os avós, longe dos seus irmãos, que acabaram se dividindo entre os pais. Por este motivo Robin se sentia sozinho e negligenciado por seus próprios pais, além de que os pais estavam constantemente ausentes por força do trabalho. A única companhia que tinha era a coleção de quase 2.000 brinquedos.

Ele era tímido, introvertido, obeso e tinha medo do escuro. Muitas vezes ele tinha aquele olhar perdido, desatento. Robin demonstrava uma característica que iria acompanhá-lo pelo resto da vida, buscar a atenção das pessoas. Durante a infância, dos adultos.

Quando a ausência dos pais na infância é impactante e constante para a criança, esta ausência pode ser enquadrada como um tipo de abuso emocional, podendo traumatizar a criança e ter efeitos durante toda a vida. Além do divórcio, que pode ser um momento difícil para as crianças.

Robin Williams teve uma educação muito boa, inclusive ele falava seis idiomas.

Na escola em que estudou até aos 12 anos ele se sentia bem, pois lá ele tinha a atenção de seus amigos e professores. Ele era um aluno mediano, era introvertido e não era engraçado. Ele usava a sua imaginação como uma cura para a solidão, inventando histórias e personagens fictícios em sua mente, além de conversar com amigos imaginários.

Depois dos 12 anos, Robin se matriculou numa escola particular só para meninos, onde sua iteração melhora. Mas, devido aos problemas de distância dos pais e se sentir sozinho e isolado, ele agia muitas vezes de forma estranha. Por isso, ele se tornou vítima de bullying

No ensino médio ele começou a pensar que a melhor a estratégia para evitar o bullying, era fazer os outros rirem. Por isso ele decidiu fazer parte do departamento de dramaturgia da escola. Assim ele começou a ficar mais extrovertido e já era considerado animado, bem-humorado e amigável. Ele era um ótimo aluno, sendo eleito presidente de classe e praticava esportes, fazendo parte do time de futebol e luta livre da escola e praticando corrida.

A partir daí Robin conseguiu a atenção que tanto desejava. Ver outras pessoas rindo de suas piadas, preenchia o vazio de sua alma e lhe dava força. Ele vinha fazendo a mesma coisa em casa como forma de chamar a atenção e impressionar a família.

Aos 16 anos, seu pai se aposenta do trabalho e a família se muda para Califórnia e ele se matricula na sua última escola. Nesta época Robin já sabia o que devia fazer para não sofrer mais bullying, usar seu senso de humor, seu superpoder. Williams foi eleito o aluno mais engraçado por seus colegas e o mais provável de não ter sucesso. E, apesar de usar seu humor, fazendo com que a sua família risse, isso ainda não o aproximava dela. A falta de amor e atenção ainda era presente. Essa situação era bem complicada para Robin e acabou criando uma necessidade obsessiva e compulsiva de constantemente fazer seus pais rirem.

Ele sempre usou o humor para lidar com situações difíceis e estressantes em sua vida e alguém poderia pensar que funcionou como um remédio para ele. Mas, apesar de se sentir alegre por fazer as pessoas rirem ainda existia um vazio dentro de Robin.

Após terminar o ensino médio, Williams foi para a faculdade para estudar ciências políticas, mas não ficou lá muito tempo, pois logo iria para o mundo da comédia e da atuação. Isso mostra que, apesar da distância dos pais e sempre fazer de tudo para chamar a atenção deles, Robin teve muito certeza e firmeza ao desistir do sonho de seu pai de se tornar político, e escolher o seu próprio caminho.

Robin começou a estudar teatro numa grande escola da Califórnia, a College of Marin, se destacando fortemente. Com isso, ele foi aceito na renomada escola de artes, Juilliard School, que fica em Nova York, e lá dentro foi aprovado no programa avançado de John Houseman. Na Juilliard, Williams foi descrito como cheio de energia, maníaco, extremamente extrovertido e talentoso. Também era considerado espirituoso e impulsivo. Uma qualidade observada lá era extrema importância para os humoristas, que era o dom da improvisação, demonstrando que ele tinha um raciocínio extremamente rápido.

Seu excesso na improvisação, quase que compulsivo, fez com que estivesse em desacordo com os valores mais tradicionais pregados pela escola. Ele estudou na Juilliard até 1976, saindo antes de concluir seus estudos, mas os ensinamentos da escola foram de grande ajuda para as suas atuações futuras.

Na Juilliard, Robin conheceu seu maior amigo, Chistopher Reeve, o eterno Superman. Eles eram da mesma turma, e colegas de quarto. Quando ambos eram desconhecidos, os amigos prometeram que um ajudaria o outro quando obtivesse sucesso.

No mesmo período em que parou de estudar, Williams começa a se apresentar em clubes da Califórnia fazendo stand up comedy. Os críticos classificavam sua performance como perigosamente intensa, como se ele estivesse flertando com o desastre. Nesta mesma época ele começou a usar drogas, principalmente cocaína.

O início do trabalho em televisão aconteceu em 1978, quando Williams participou de um episódio da série de TV, Happy Days, como o personagem Mork. Ele improvisou boa parte das suas falas, usando o seu dom da improvisação, e criava ágeis cenas de comédia verbal e física, falando com uma voz aguda e anasalada. Ele se destacou na sua participação encantando o elenco e a equipe do programa, fazendo com que ele fosse escalado para a série de televisão Mork and Mindy, que foi exibida de 1978 a 1982. Mork foi um personagem extremamente popular.

A partir daí, sua visibilidade só aumentava. Em 1979, Robin apareceu na capa da revista Time. Ele estrelou especiais da HBO em 1978, 1982 e 1986. Ainda em 1986, Williams conquistou mais fama ao se apresentar na 58ª edição do Oscar.

Em 1987, sua performance em Good Morning, Vietnam, lhe rendeu uma indicação para o Oscar de melhor ator. E em 1997 participou do filme Gênio Indomável, ganhando um Oscar de melhor ator Coadjuvante. Além desse prêmio ele ganhou seis Grammys, dois Emmys e seis Globos de Ouro, se destacando em diversas produções.

Agora vamos passar por alguns problemas que Robin teve durante a vida. Ressaltando que cada pessoa reage aos seus problemas da sua maneira.

As situações que Robin enfrentou, como a infância infeliz e ausência dos pais, podem causar problemas comportamentais como: risco aumentado de envolvimento com drogas, relacionamento frágil com os pares, depressão, ansiedade, grandes flutuações no humor e a externalização de comportamentos-problemas

Robin usou drogas por muitos anos, desde o início de carreira quando se mudou em 1977 para Los Angeles para fazer stand up. O seu ritmo de stand up alucinante, o início da fama e o aumento das cobranças, faziam com que ele usasse as drogas como uma forma de refúgio.

Uma coisa impressionante que acontecia com Robin é que ele falava dos seus problemas, como se estivesse pedindo ajuda, enquanto se apresentava no palco e ninguém realmente o ouvia. Ele até falava sobre álcool e drogas e muitas vezes abria suas apresentações com a seguinte frase: “A cocaína é a maneira de Deus dizer a você, você tem muito dinheiro”.

O vício em drogas o levou a ser internado várias vezes em clínicas de recuperação para dependentes químicos.

Robin usou drogas até 1983, quando descobriu que iria ser pai e quando o seu amigo e parceiro no uso das drogas, John Belushi, morreu de overdose.

O vício voltou 20 anos depois, quando estava gravando no Alasca para fazer um filme, Robin ficou num lugar isolado e sozinho, essa situação mexeu com sua cabeça o deixando vulnerável. Ele acabou ingerindo álcool de forma descontrolada.

Para substituir seus maus hábitos, Robin adotou um novo hobby, bom para sua saúde mental e física: andar de bicicleta . Ele até acumulou uma grande coleção de bicicletas. Seu amigo e dono de uma loja de bicicletas disse:

“Ele veio logo depois que John Belushi faleceu de overdose de drogas. Ele disse: vou te contar – andar de bicicleta salvou minha vida.”

Uma outra possível consequência da ausência dos pais, diz respeito aos relacionamentos amorosos dele. Robin foi casado três vezes e teve 3 filhos. Mas o que chama a atenção é a declaração da sua primeira esposa, Valerie Velardi, falando que sabia e não se importava com as traições do marido durante o casamento, que durou dez anos, entre 1978 e 1988. Ela diz o seguinte:

“Ele amava as mulheres, absolutamente amava. E eu apenas entendi. Eu entendi e queria que ele tivesse isso. Mas também queria que ele voltasse para casa, esclareceu sobre o relacionamento aberto.”

Durante o seu casamento com Valerie tornou-se público um relacionamento extraconjugal dele com uma mulher que o processou em milhões de dólares, alegando que ele transmitiu herpes a ela durante o relacionamento.

E outro detalhe é que Robin deixou Valerie para ficar com a babá de seu filho, Zak, Marsha Garces, que estava grávida. Dessa segunda relação, ele teve mais dois filhos. Robin se casou com a terceira esposa, Susan Schneider, em 2011, um ano após terminar com Marsha.

Uma das maiores características de Robin é sua grande generosidade, bondade e o respeito ao próximo que tinha. A seguir apresentamos alguns exemplos que demonstram isso.

Em 27 de maio de 1995, Christopher Reeve, seu grande amigo, sofreu um grave acidente enquanto andava de cavalo, ficando tetraplégico.

Um fato demonstra como era a relação de amizade dos dois e como Robin usava o humor para animar e alegrar as pessoas. Por causa do acidente, Reeve iria fazer uma cirurgia onde tinha 50 % de chances de não sobreviver. Reeve conta que Williams chegou ao seu quarto no hospital vestindo roupa de médico, fazendo um sotaque russo e dizendo que realizaria um exame de próstata. Reeve disse:

“Pela primeira vez depois do acidente, eu ri”. “Meu velho amigo tinha me ajudado a ver que de alguma forma eu ficaria bem”.

Robin ficou ao seu lado, não apenas visitando-o no hospital e dando-lhe coragem ao fazê-lo rir, mas também por meio de suas doações à Fundação Christopher e Dana Reeve. Depois da morte de Reeve em 2004, Robin dedicou o prêmio do Globo de Ouro de 2005 a Reeve.

E por falar em doações, além da Fundação de Christopher e Dana Reeve, Robin costumava doar grandes quantias para muitas instituições, demonstrando que era uma pessoa muito gentil e de grande coração. Como: Alívio cômico para desabrigados e vítimas do furacão Katrina; Médicos Sem Fronteiras; Operação Sorriso; Associação de AIDS Pediátrica; Fundação de Atletas Desafiados; Jude Children's Research Hospital e Fundação Make a Wish

Além de ajudar instituições financeiramente, Robin, desde o começo de sua carreira, dedicou-se a visitar hospitais. O fato de interpretar o médico, Patch Adams não é coincidência. Ele organizava eventos beneficentes em favor da alfabetização e dos direitos das mulheres, e viajou ao Afeganistão, ao Iraque e a outros 11 países para animar as tropas americanas enviadas para lá. Ele também apoiava os alunos de teatro da Juilliard arcando com o custo da mensalidade de um aluno a cada ano por meio de bolsa de estudos. Inclusive, a atriz vencedora do Oscar de melhor atriz, Jessica Chastain, ganhou uma das bolsas doadas pelo Robin, sustentava

Robin também se certificava de que cada evento ou filme que ele fizesse, a empresa que o contratou também tivesse que contratar um número de moradores de rua e dar a eles empregos temporários.

O fato de interpretar o médico, Patch Adams não é coincidência. Nesse papel, Robin Williams interpretava um médico que alegrava a vida de pacientes terminais.

Em 2002, a esposa e empresária de Ozzy Osbourne, Sharon Osbourne, foi diagnosticada com câncer de cólon. E nessa mesma época, Ozzy e sua esposa assistiram ao filme Patch Adams.

Com o sucesso do filme, o agente de Ozzy Osbourne teve a ideia de entrar em contato com Robin. Ozzy diz: “Ele nos fez uma visita e conversou com minha esposa. Foi muito gentil da parte dele”. O cantor garante que, por conta disso, ele tem uma dívida eterna com Robin.

Robin tinha uma necessidade quase que fisiológica em fazer pessoas rirem, sua vida e felicidade se alimentavam de fazer isso. Existem alguns relatos de pessoas que falam sobre essa necessidade dele. Seu filho Zak conta o seguinte:

“Quando ele não estava fazendo rir e entretendo, sentia que estava falhando como pessoa, e isso era muito difícil de assistir”.

Nos intervalos de filmagens, quando estava interpretando papéis mais sérios, ele tinha essa necessidade de fazer as pessoas rirem, conta o Diretor, Mark Romanek:

“Quando ele fazia as pessoas rirem muito, ele tinha uma espécie de barato”.

Os últimos meses de vida de Robin Williams

Quando morreu, Robin não tinha nenhum traço de álcool e drogas ilícitas. Estava somente em seu organismo as drogas lícitas que foram receitadas para seu diagnóstico de Parkinson.

Nos últimos meses, Robin já não era o mesmo. Os olhos distantes da infância solitária e infeliz voltaram, mas agora por outro motivo, o diagnóstico de Parkinson (depois comprovada que, na verdade, era demência com corpos de Lewy) desintegrou aquela mente ágil e inquieta.

Williams tinha dificuldades para atuar, para lembrar suas falas. tinha dificuldades para se relacionar com seus amigos e sair de casa e dormia muito mal também. seu braço esquerdo não respondia, e ficava obcecado com coisas absurdas. O diagnóstico de demência e suas consequências levou a um quadro de ansiedade e uma intensificação da sua depressão

Robin buscava refúgio na meditação, o que lhe dava algum alívio.

A demência com corpos de Lewy pode causar momentos de alucinações sendo possível que a pessoa pense em tirar a própria vida, mas isso só acontece com uma parte bem pequena das pessoas com esse tipo de demência. E um diagnóstico precoce desta demência não seria garantia de que a morte como foi poderia ser evitada. O cineasta Tylor Norwood, que foi contatado por Schneider Williams, esposa de Robin na época em que morreu, para fazer o documentário, Robin's Wish, que tinha o objetivo de aumentar a conscientização sobre o que aconteceu com seu marido em seus últimos dias e anos e conscientizar sobre a doença, diz que é impossível dizer se Williams teria ou não tirado a própria vida se tivesse recebido um diagnóstico enquanto ainda estava vivo. O que não há dúvida é que a condição o teria matado em algum momento.

Outro fator que influencia pessoas a tirarem a própria vida é se a pessoa está usando drogas no momento. Robin não estava, na autopsia não encontraram nenhum traço.

Duas coisas podem ter uma influência sobre Robin para que ele tenha tirado a própria vida. Primeiro, o histórico de depressão e possíveis traumas que ele tinha na infância. Segundo o que seu filho, Zak, falou sobre como Robin encarou quando teve o diagnóstico equivocado de Parkinson.

Zak acredita que o diagnóstico incorreto de seu pai provavelmente exacerbou o impacto emocional do ator, que sofria de depressão. Nos anos em que Robin viveu sem saber todo o escopo da doença, seu filho observou a luta do comediante para se concentrar e os subsequentes "desafios de realizar seu ofício", o que pode ter contribuído para os seus quadros de ansiedade e depressão.

O médico Bruce Miller, diretor do Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia em San Francisco, que tratou pessoalmente do caso do ator, disse sobre o caso:

“É letal e evolui rapidamente. Analisando como afetou o cérebro de Robin, descobri que foi o caso mais agressivo de Lewy que já vi em todos os meus anos de carreira. Praticamente todas as áreas de seu cérebro tinham sido afetadas. É realmente surpreendente que pudesse se mover e caminhar”.
“As pessoas com cérebros excepcionais, que são incrivelmente brilhantes, costumam resistir e tolerar melhor as doenças degenerativas do que as que têm um cérebro normal. Isso demonstra que Robin Williams era um gênio”.

O diretor Shawn Levy, de Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba, disse o seguinte:

“Ele estava muito frustrado. Lembro que me disse: “Já não sou eu. Não sei o que está acontecendo comigo. Já não sou eu””.

A progressão da demência fez com que Robin perdesse a sua capacidade de improvisação. Ele não conseguia mais fazer as pessoas rirem de suas piadas, ele nem conseguia mais tentar fazer isso.

Portanto, diante dos fatos, pode ser precipitado afirmar com precisão que a demência com corpos de Lewy que fez com que Robin tirasse a própria vida. A demência pode ter contribuído, mas todos os outros fatores citados também podem. Porém, o que é certo, é que apenas o Robin poderia responder do motivo de ter feito isso.

O ator pode ter nos deixado de maneira triste e trágica, mas deixou um enorme legado na sétima arte, com personagens marcantes e famosos que continuarão na mente de suas fãs por muito tempo.

Ele nunca viu atuação e comédia como um trabalho. Para ele, esses dois eram sua maneira de se comunicar com a palavra e se expressar. Tudo o que ele sempre quis foi deixar seu toque em cada papel que desempenhou e tornar cada papel profundamente enraizado em sua personalidade.